quinta-feira, 14 de abril de 2011



Ouço as gotas de um piano que me
Vai embalando a vida, corrente forte,
Que desagua a meus pés.
As suas notas formam cores, ora
Transparentes, ora desbotadas, ora
Emergidas de uma lucidez distante
Cada vez mais longínqua e insignificante.
Acordes, longos acordes melodiosamente
Transportados pelas mãos que albergam
A alma sofrida em breves sorrisos
Ansiosos, desgostosos por se moverem sós
Sem sentirem a fervura
Dos lábios que fazem soar o coração.
Finda a música? Não!
É apenas o início de uma audição
Há muito programada, dirigida por quem
Sabe, porque existe e se mostra
Apenas a quem pede para escutar. A
Longa sinfonia, eterna e doce, que é o silêncio.
Oh vida! Porque calaste o som de quem
Preenche a alma sem nunca permitires
Que algum dia o escutasse, mesmo sabendo
Que te peço apenas breves compassos de
Uma partitura cujo final eu desconheço?

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